BILHETE POSTAL
Por Eduardo Costa
“Vamos voltar a poder riscar os nossos manuais! Hurra!”
Este será provavelmente o grito das crianças do primeiro ciclo.
É o regresso ao papel para ensinar e formar as próximas gerações.
Os manuais digitais foi uma experiência que não deu certo nos países nórdicos que iniciaram este processo. Como reconhecem agora.
A moda do digital para ler vai revelar-se como aconteceu com os livros? Estes iriam desaparecer. Afinal…
Lembro que lá atrás fomos lendo que as nossas crianças e jovens não precisavam de aprender o conhecimento concreto sobre as coisas. Bastaria, afinal, saberem onde procurar o conhecimento.
Entretanto os motores de busca tomaram as nossas vidas. Google, etc.. Mas, o preço que percebemos que já estamos e vamos pagar parece que está e vai ser alto. As notícias falsas tem tanta eficácia como as verdadeiras.
O convívio e as conversas à mesa exigem o conhecimento dos assuntos. As conversas serão vazias sem conteúdo. É necessário conhecimento para apreciarmos falar da nossa história, do nosso presente e do nosso futuro.
Estou a ler um livro de um político sobre o qual já li alguma coisa na internet. Estou a riscar o livro, a dobrar as páginas. Estou a perceber que consigo recordar as coisas que li no livro. Do que li na internet não tenho a mesma memória. Até me lembro do tema que sublinhei no livro. Sei como chegar lá.
Há quem diga que a nossa memória visual é a melhor memória. As nossas crianças precisam de conviver, falar do que aprendem. Precisam de ter boa memória.
Eduardo Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional de Imprensa Regional
(Este artigo de opinião semanal é publicado em cerca de 50 jornais)